quinta-feira, 16 de abril de 2015

Educação Infantil - Como contribuir com esta importante fase de formação da criança. Parte 4

LAÇOS
Vínculo com o pai: como ajudar nessa relação?

O pai pode não ter a mesma função que a mãe, mas sua presença é igualmente importante.

A mãe pode incluir o pai em momentos importantes da relação com o filho.

Nos primeiros meses de vida, quando o bebê depende da amamentação e de cuidados constantes, nem parece que o cordão umbilical foi cortado! Mãe e filho estão extremamente conectados. Pode acontecer de, neste processo, o pai se sentir meio de lado. Ou mesmo de a mãe não se dar conta de que ele pode - ou melhor, deve! - ter uma relação com o bebê. Afinal, não é apenas o vínculo mamãe-bebê que é importante para o desenvolvimento infantil. Mas também o vínculo do bebê com o pai ou com outra pessoa que cuide dele.

Sabe-se hoje que o vínculo, que nada mais é do que amor e confiança, é um fator crucial para formar bem uma série de habilidades emocionais (veja mais aqui). O cuidado, quando é de alta qualidade, funciona como um poderoso amortecedor diante dos problemas que a vida sempre traz. É a partir do cuidado, do afeto, do amor que é construída uma base segura para a criança se colocar perante o mundo e explorá-lo melhor.

Só que o vínculo não aparece do nada. Ele é construído no dia a dia. Por conta da gravidez e da amamentação, o vínculo entre mãe e filho costuma acontecer com mais facilidade. Mas, ainda assim, é uma construção – principalmente para os pais. Muitos deles são ausentes ou não sabem o que fazer quando chega o bebê. Seja porque a mãe acha que só ela sabe cuidar do filho, ou porque a sociedade ainda encara o cuidado com o filho como função da mãe. Mas não é só ela que tem essa responsabilidade: também é dever dos pais interagir com os pequenos, criar e manter um vínculo com eles. Desde o pré-natal até depois do nascimento da criança e durante todo o seu desenvolvimento.

Para que o pai se aproxime do filho e se envolva com ele é preciso, antes de mais nada, espaço e tempo. E nisso você pode ajudar e muito. Por exemplo: que tal você dar de mamar e depois passar para ele fazê-lo arrotar? Que tal dividir funções como trocar a fralda ou dar banho nele? Também é importante que você deixe que ele fique sozinho com o filho. Mostrando que confia nele e que, afinal, vocês dois estão aprendendo a ser pais. Esse tempo que eles vão passar juntos é uma oportunidade de estreitar ainda mais o vínculo. 

Uma coisa é consenso entre os especialistas: o papel do pai não cabe mais dentro de ideias rígidas, como a de que ele é o provedor e se movimenta no mundo do trabalho enquanto a mãe cuida do ambiente da casa e da Educação dos filhos. Na avaliação de Cristiano Gomes, da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os homens não aceitam mais ser encaixados nesse lugar estereotipado da função da figura masculina na família "porque viram o quanto estavam perdendo no contato com os filhos e no prazer da paternidade". Tanto o pai quanto a mãe podem dar espaço ao carinho, ao abraço, ao beijo, e à demonstração de afeto e amor. 

Mas o diálogo e o vínculo são importantes não só na relação entre o pai e o filho, mas também entre os pais. É bom que o pai tenha a mesma autoridade que a mãe. Joaquim Ramos, também da Faculdade de Psicologia da UFMG, explica: "Se o pai dá uma ordem e a mãe dá outra, a criança fica entre os dois sem saber a quem obedecer". Ou seja, as partes têm de conversar para que as relações e vínculos sejam construídos sem passar por cima de ninguém. Além disso, Cristiano Gomes acrescenta: "A imposição de regras não deve ser exclusivamente responsabilidade do pai. Isso é um resquício de uma cultura patriarcal que coloca a mulher como submissa e inferior ao homem". 

Para falar mais sobre essa questão e tirar possíveis dúvidas sobre como criar o vínculo entre pai e filho, conversamos com a psicóloga Camila Guedes Henn, do Núcleo de Infância e Família da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Leia a entrevista abaixo:

Como a mãe pode ajudar a cria vínculo entre pai e filho? É uma tarefa difícil? 

Camila Guedes Henn: A mãe pode incluir o pai em momentos importantes da relação com o filho, ela é muito responsável pela intermediação da relação, especialmente no começo. Ela pode trazer o pai para realizar diversas tarefas, como o banho, a troca, e outras tarefas mais indiretas, mas igualmente importantes. E é muito importante a mãe ter em mente que o pai da criança é tão importante quanto ela.

Se o pai e mãe não morarem na mesma casa?

Camila Guedes Henn: Tudo depende da forma que o pai e a mãe administram a questão. Só há dano se existe conflito entre os pais, que é uma situação que prejudica o estabelecimento do vínculo com a criança. É quando, por exemplo, uma parte não permite a entrada do outro na relação. E não deve ser assim, o fato dos pais morarem em casas separadas não deve excluir a possibilidade de organização e de afeto. 

É interessante que os pais se organizem de forma que possam estar presentes afetivamente o máximo possível. Estar presente inclui participar de atividades rotineiras, como conhecer a escola, os colegas e se organizar para ter atividades com a criança. E quem tem a guarda da criança, geralmente a mãe, deve respeitar o outro lado também, e trazer sempre que possível essa pessoa para a vida do filho.

E como deve ser o compartilhamento de tarefas? As mudanças sociais que alavancaram a mulher tiveram influência nisso? 

Camila Guedes Henn: Sim, sem dúvida. Com a mulher mais presente no mercado de trabalho, tornou-se mais necessária a divisão da função parental, que antes ficava mais a cargo da mulher. Hoje essa divisão ainda não está equilibrada, mas já permite mais a entrada do pai na divisão de tarefas, o que é bem importante. 

Temos outra questão que é a da licença-maternidade, que é muito maior para mulher do que para o homem. É mesmo um privilégio para ficar junto, para criar mais vínculo. Mas isso não é um motivo para o pai não estabelecer vínculo com o bebê no ínicio, existem várias formas de criar esse vínculo. Inclusive há muitos relatos de pais que buscam fazer diferente do que receberam, buscam quebrar a ideia de um pai distante e autoritário. Um pai mais presente facilita muito a criação do vínculo. E há casos como os das mulheres que trabalham no mercado informal, que também não têm licença-maternidade, e nem por isso não criam vínculo com os filhos. O importante é aproveitar ao máximo os momentos com a criança.

Existe uma função materna e uma função paterna?

Camila Guedes Henn: Sim, existem, mas elas não são rígidas. Isso quer dizer que a função materna não precisa ser exercida necessariamente pela mãe ou a paterna pelo pai. No início, a mãe tem um processo maior de simbiose com o bebê, isso é necessário até biologicamente. Ela tem essa função de cuidar e alimentar, e a paterna diz respeito mais a ajudar no ambiente, em preparar o ambiente para a relação da mãe, mas também ir entrando aos poucos nessa relação. 

Antes era mais bem estabelecido o que era a função do pai e a função da mãe, mas hoje não há muita regra, há bem menos rigidez dos papéis. Muitas vezes é a mãe que trabalha na família, é ela que passa mais tempo fora. É importante pensar que há inclusive uma necessidade maior da flexibilidade dos papeis.

E ideia que o filho é mais da mãe do que do pai e que a mãe cuida melhor?

Camila Guedes Henn: Olha, é muito importante entender que nos momentos iniciais o filho realmente precisa muito da mãe, até por uma questão física. Mas o pai é fundamental, ele ajuda na organização e permite um melhor aproveitamento do tempo com o bebê, entre outras coisas. Até para crescer o vínculo da mãe, o pai é fundamental, desde o início. 

A mãe tem de saber que ambos são importantes para o filho, mesmo que no início seja cada um à sua maneira. O pai pode não fazer a mesma coisa que a mãe, mas tem uma função tão importante quanto. No começo, a mãe está super voltada para o bebê, está num mundo a parte. E nesse momento o pai é muito importante para não permitir que a mulher viva nesse mundo à parte. É importante que a mãe reconheça a importância desse outro papel também e permita que o pai entre na relação. 

Existem algumas mães que acham que só elas são capazes de cuidar do filho, e isso prejudica não só o vínculo entre pai e filho como também a vida dela. Ela afasta a oportunidade de contar com outra pessoa, de ter alguém ao lado para lidar com a criança, alguém para dividir as questões daquele mundo. Não existe disputa entre papeis, a coisa mais importante é a aliança. Por isso é tão importante que a mãe entenda que o pai pode não fazer como ela, afinal é uma pessoa diferente, mas isso não quer dizer que ele não vá fazer bem.

E como acertar o comando do duplo comando, dos pais dando ordens diferentes? 

Camila Guedes Henn: Quando os pais vivem em casas separadas, é normal e o filho pode saber que as casas podem ter regras diferentes. O que não é legal é que não haja consenso acerca de decisões sobre a criação, pois isso passa para a criança uma mensagem dupla. Ela não sabe quem respeita, qual é o seu limite real. É muito prejudicial um pai desautorizar o outro, e isso é uma coisa que acontece com frequência. 

Os pais devem conversar entre si para que não ocorram esses problemas. Nem sempre dá para prever o que vem por aí, então essa conversa também pode acontecer depois do momento com o filho, para esclarecer os pontos. Só não pode ter tido essa diferença, essa discordância, antes na hora da conversa com o filho. E não estamos falando só da criança ver e perceber que os pais discordam (e de repente até passar a contar com isso), mas também de situações como quando uma das partes faz comentários sobre a outra para a criança, mantendo segredos com o filho, fazendo comentários entre eles. Não pode haver esse ruído de comunicação.


Informações Retiradas no Site: EDUCAR PARA CRESCER

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