Professora Joana D'Arc |
Ah! Quanto tempo faz... Faz anos.
O passar dos dias é mais rápido
do que a memória é construída.
De tudo o que fomos restam
lembranças como um jogo de montar espalhadas na mente.
Se o passado construiu nossa
humanidade, nossa civilidade,
nossa personalidade,
o que somos é feito do que nossa
mente consegue manter.
Mas há uma forma de sermos mais.
Sermos professores.
O professor compartilha o
conhecimento e, ao doar suas experiências,
ele multiplica-se.
A única forma de que tudo o que
prezamos, tudo o que amamos, tudo o que acreditamos resistir ao passar do tempo
é que seja doado aos outros.
Não há profissão mais bela do que
a que forma outras profissões.
Em cada livro, cada prédio, cada
ponte, cada estrada, cada casa há uma parte do professor
Que ensinou a arte de construir.
O que começa na palavra é
transformado em morada.
Não é fácil. É verdade.
O professor no Brasil não somente
ensina,
mas faz “as vezes” de pai, mãe,
o que repreende
e quem incentiva.
Diversos casos em que a
indisciplina impera,
há carência nas famílias:
crianças com poucos cuidados e
muitas dificuldades.
O bom mestre faz da escolha o
refúgio para os carentes.
Ainda que o Estado nem sempre se
faça presente.
Alguns desistem da profissão.
Mas, digo:
nada há que pague o sorriso de
uma criança
quando, pela primeira vez, olha
uma página
cheia de letras e
descobre nela uma história.
Quem vive de escola,
torna a vida uma descoberta
diária.
Aqui, fiz amigos,
aqui, criei leitores,
aqui, plantei as sementes de um
futuro melhor para tantos
que, hoje me cumprimentam nas
simples trocas de olhar
ou em um bom dia casual,
gostoso,
destes singelos e fáceis que são
gratuitos
e que fazem os dias mais felizes.
Aqui, reinventei-me no labor
diário
tantas vezes quantas foram
necessárias
para que meus estudantes pudessem
ter o melhor de mim.
Há vezes em que falhamos.
Houve vezes em que posso não ter
encontrado as palavras
certas para agraciar as pessoas
que compartilharam comigo o
caminho do ensino.
Destas horas, peço o
esquecimento.
Que de mim fique a figura da
mulher dedicada,
que nunca desistiu de um aluno
sequer,
que acredita que as pessoas
merecem o melhor,
que as crianças merecem o saber,
que as pessoas merecem amigos.
Ser professor no Brasil é como
ser herói.
Ser exemplo de integridade e não
se entregar em situações difíceis.
Não é isto que cada professor
aqui faz todos os dias?
Não deixo minha profissão hoje,
ela permanece em todos os que
foram meus alunos,
seja na habilidade da leitura,
seja no ensinamento da conduta,
seja no exemplo do trabalho
sério,
seja no carinho compartilhado.
Agradeço a todos que estiveram
comigo nestes anos,
que fazem parte de mim por
compartilharem os momentos de trabalho e amizade.
Inicio um novo momento em que
devo reinventar-me mais uma vez,
não mais por meus alunos,
não mais pelo trabalho,
mas por mim mesma
e, claro, por um descanso
merecido
depois destes 35 anos de ensino.
“Se planejarmos para um ano:
plantemos cereais;
se planejarmos para uma década:
plantemos árvores;
se planejarmos para a vida
inteira: devemos educar e ensinar o homem”.
Abraços
a todos!!! Beijos no coração!!!
E como dizia Mário Quintana:
“Se tiver de me esquecer, que me esqueça.
Mas bem devagarinho!!!”
Joana D’Arc Rodrigues Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua visita. Volte sempre!